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Terapia com Análogos de GLP-1: Maximizando o Emagrecimento Saudável e Minimizando Efeitos Colaterais

Luciana Monteiro NUTRICIONISTA - CRN9 – MG 27107

Terapia com Análogos de GLP-1: Maximizando o Emagrecimento Saudável e Minimizando Efeitos Colaterais

A chegada de medicamentos como a Tirzepatida (princípio ativo do Monjauro), que atua como um agonista de duplo receptor (GIP e GLP-1), e os análogos de GLP-1 (como semaglutida e liraglutida) revolucionou o tratamento da obesidade. Essas moléculas agem de maneira poderosa:

  1. Aumento da Saciedade: Sinalizam ao cérebro que você está satisfeito, reduzindo a fome.
  2. Atraso do Esvaziamento Gástrico: A comida permanece mais tempo no estômago, prolongando a sensação de plenitude.
  3. Melhora Glicêmica: Aumentam a secreção de insulina (de forma glicose-dependente) e reduzem o glucagon.

O Alicerce Nutricional para o Emagrecimento

O objetivo principal da nutrição nesse contexto é adaptar a alimentação à nova realidade de saciedade e apetite reduzido imposta pela medicação, garantindo um balanço energético negativo (necessário para o emagrecimento) de forma nutritiva e confortável. Mas o emagrecimento clinicamente saudável é a perda de gordura, com a máxima preservação da massa muscular (massa magra).

. Priorização Proteica: Escudo contra a Perda de Massa Magra

A perda de peso rápida pode vir acompanhada de uma indesejada redução da massa muscular (massa magra), o que compromete o metabolismo basal e a saúde a longo prazo.

Meta de Ingestão: É crucial assegurar um aporte proteico adequado, geralmente variando entre 1,2 a 2,2 g/kg/dia (ou 16% a 24% da energia total), dependendo do indivíduo, do nível de atividade física e da tolerância.

Estratégias de Consumo:

Fracionamento Inteligente: Distribuir o consumo de proteínas de forma mais uniforme ao longo do dia, em pequenas porções a cada refeição (café da manhã, lanches, almoço e jantar).

Fontes Magras e de Alta Absorção: Priorizar proteínas magras como aves, peixes, ovos, laticínios com baixo teor de gordura e, se necessário devido ao baixo volume alimentar suportado, o uso de suplementos proteicos (como Whey Protein isolado ou hidrolisado) e aminoácidos essenciais para otimizar a síntese proteica.

  1. Qualidade dos Carboidratos e Gorduras

A redução calórica deve ser feita com foco na qualidade dos macronutrientes restantes.

Carboidratos: Preferir carboidratos complexos e integrais de digestão lenta (aveia, quinoa, batata-doce, grãos integrais, frutas com casca) que oferecem energia gradual e contribuem com a ingestão de fibras, prevenindo a constipação (um efeito colateral comum).

Gorduras: Incluir gorduras insaturadas e saudáveis (azeite de oliva, abacate, nozes e sementes) em quantidades moderadas, pois prolongam à saciedade sem sobrecarregar o estômago, mas evitar preparações gordurosas e frituras, que pioram náuseas e refluxo.

Manejo de Efeitos Colaterais Gastrointestinais

Os análogos de GLP-1 frequentemente causam efeitos adversos como náuseas, vômitos, constipação, diarreia e refluxo, especialmente no início do tratamento ou após aumentos de dose. A nutrição atua como uma ferramenta poderosa para minimizar esses sintomas.

  1. Contra a Náusea e o Vômito

Refeições Menores e Mais Frequentes: O atraso no esvaziamento gástrico exige redução no volume das refeições. Refeições pequenas a cada 3-4 horas são mais bem toleradas do que grandes banquetes.

Textura e Temperatura: Optar por alimentos leves, cozidos no vapor, grelhados ou assados, e que estejam mornos ou frios. Evitar alimentos muito quentes ou com cheiro forte.

Evitar Deitar-se Após Comer: Manter o tronco ereto por, no mínimo, 30 a 60 minutos após a ingestão de alimentos minimiza o risco de refluxo e regurgitação.

Apoio Natural: O chá de gengibre ou hortelã-pimenta é um excelente aliado, conhecido por suas propriedades antieméticas.

  1. Combate à Constipação e Diarreia

Hidratação Rigorosa: A desidratação, frequentemente exacerbada pela redução de líquidos devido à náusea, é um fator chave na constipação. A ingestão de 2 a 3 litros de líquidos claros por dia (água, água aromatizada, chás suaves, caldos) é inegociável.

Fibras Graduais: Aumentar o consumo de fibras (frutas, vegetais, leguminosas) de forma gradual, pois um excesso repentino pode piorar a sensação de estufamento e flatulência. Para a constipação, as fibras insolúveis podem ajudar; para a diarreia, pode ser necessário reduzir temporariamente fibras e gorduras, priorizando uma dieta de fácil digestão (branda).

Probióticos e Prebióticos: A suplementação com probióticos e prebióticos pode ser indicada para modular a microbiota intestinal, melhorando o trânsito e reduzindo o desconforto.

Sustentabilidade, Micronutrientes e Complementaridade

Para além da perda de peso inicial, o protocolo nutricional deve focar na sustentabilidade dos resultados e na prevenção de carências.

  1. Prevenção de Deficiências Nutricionais

Com a redução drástica da ingestão alimentar, o risco de deficiência de micronutrientes (vitaminas e minerais) é elevado. O nutricionista deve monitorar de perto os seguintes nutrientes:

Vitaminas do Complexo B: Essenciais para o metabolismo energético.

Vitamina D e Cálcio: Cruciais para a saúde óssea e o metabolismo geral.

Ferro e Magnésio: Importantes para a vitalidade e a função muscular.

A suplementação com multivitamínicos de alta biodisponibilidade e suplementos específicos (como magnésio, para constipação e redução da fadiga) pode ser uma estratégia essencial para preencher as lacunas da alimentação.

O Papel do Exercício Físico e da Reeducação

A medicação é uma ferramenta, mas não substitui a mudança de estilo de vida.

Treino de Força: É o pilar para a preservação da massa magra. Recomenda-se a inclusão de exercícios de resistência (força) pelo menos 2 a 3 vezes por semana, em conjunto com atividade aeróbica.

Reeducação Alimentar para o Pós-Tratamento: O acompanhamento nutricional deve ser estendido para além do uso do medicamento. É vital que o paciente desenvolva novos hábitos alimentares e uma relação saudável com a comida para evitar o temido “efeito rebote” e a retomada do ganho de peso após a suspensão da droga. A modulação do sistema de recompensa alimentar (redução do desejo por doces e gorduras) durante o tratamento deve ser capitalizada para a consolidação de escolhas saudáveis a longo prazo.

Os análogos de GLP-1 oferecem um caminho promissor para o emagrecimento, mas o sucesso sustentável e a minimização do desconforto dependem de uma intervenção nutricional estratégica, contínua e individualizada. O foco na proteína, no fracionamento alimentar e no manejo ativo dos sintomas gastrointestinais transforma o tratamento, garantindo que a perda de peso seja sinônimo de saúde e qualidade de vida.

 

Luciana Monteiro

NUTRICIONISTA – CRN9 – MG 27107

Graduação em Nutrição pela Puc Campinas

Pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional – Faculdade VP

Pós-graduada em Nutrição Clínica na Gastroenterologia – Faculdade VP

Curso de Modulação Intestinal

Certificação Prime em Análogos de GLP1

Membro da Associação Brasileira de Nutrição em Gastroenterologia (ABNG)

Mais informações:

LM Nutrição e Psicologia

Rua Piauí , 95 sala 11

35 99127-0415 (WhatsApp)

@lm.nutricao

@nutrilucianamonteiro

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