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Setembro Amarelo: entre conquistas e desafios na prevenção do suicídio

Roberta Monteiro CRP – MG – 04/39310 Doutora em Psicologia

Setembro Amarelo: entre conquistas e desafios na prevenção do suicídio

Setembro passou e com ele a campanha “setembro amarelo” nas redes sociais que tem como objetivo dar visibilidade à conscientização sobre a prevenção do suicídio. Ao longo dos anos, a campanha tem ganhado força no Brasil, estimulando conversas sobre saúde mental que antes eram cercadas de silêncio e tabu. Mas, como todo movimento social, carrega consigo tanto conquistas quanto desafios.

Entre os pontos positivos, o Setembro Amarelo cumpre um papel essencial ao abrir espaço para o diálogo sobre o suicídio. Durante muito tempo, esse foi um tema tratado com medo ou preconceito, o que dificultava o acolhimento de pessoas em sofrimento.

Hoje, graças à campanha, a sociedade se vê mais disposta a ouvir, compreender e apoiar. Outro aspecto importante é a disseminação de informações confiáveis sobre sinais de alerta, fatores de risco e formas de buscar ajuda, o que pode ser decisivo para salvar vidas. Além disso, a mobilização de escolas, universidades, empresas e instituições de saúde fortalece a rede de apoio e estimula a empatia coletiva. É um tema de extrema importância para debate.

No entanto, é preciso reconhecer os limites da iniciativa. Em alguns casos, o Setembro Amarelo corre o risco de se tornar uma ação superficial, marcada apenas por prédios iluminados ou postagens simbólicas, sem resultar em mudanças concretas na vida das pessoas. Outro ponto delicado é que, muitas vezes, o tema ganha destaque apenas no mês de setembro, quando na realidade a prevenção do suicídio exige atenção contínua ao longo do ano.

Há ainda o risco de que certas abordagens mal conduzidas funcionem como gatilhos, despertando desconforto em quem já enfrenta sofrimento intenso. E, talvez o maior desafio, está na desigualdade de acesso: conscientizar é importante, mas de pouco adianta se nem todos conseguem atendimento psicológico e psiquiátrico de qualidade.

Uma das abordagens de destaque na prevenção é a TCC (terapia cognitivo conportamental) pois atua diretamente na regulação emocional e no desenvolvimento de habilidades de enfrentamento. Técnicas como o registro de pensamentos automáticos, a reestruturação cognitiva e a resolução de problemas auxiliam a pessoa a enxergar alternativas diante das dificuldades. Outro recurso bastante utilizado é a elaboração de um plano de segurança, no qual paciente e terapeuta constroem estratégias práticas para momentos de crise — desde reconhecer sinais de alerta até identificar pessoas de apoio e contatos de emergência.          Estudos científicos mostram que intervenções baseadas em TCC reduzem significativamente a reincidência de tentativas de suicídio, justamente por oferecerem não apenas acolhimento, mas também ferramentas concretas para lidar com o sofrimento. Ao fortalecer a percepção de controle e esperança, a abordagem ajuda a reconstruir o vínculo da pessoa com a própria vida.

Em um tema tão delicado, nenhuma técnica é solução isolada. A prevenção do suicídio exige rede de apoio, acesso a serviços de saúde e políticas públicas consistentes. Mas a TCC se destaca como uma ponte entre a dor e a possibilidade de ressignificação, mostrando que, mesmo em meio ao desespero, é possível reencontrar caminhos para viver

Dessa forma, o Setembro Amarelo deve ser visto como um ponto de partida, e não como uma solução em si. Ele representa um convite para que sociedade, instituições e políticas públicas se comprometam de forma mais profunda e permanente com a saúde mental. Afinal, falar sobre suicídio é fundamental — mas garantir cuidado e suporte contínuos é ainda mais urgente.

 

Roberta Monteiro 

CRP – MG – 04/39310

Doutora em Psicologia

Graduação em Psicologia pela PUC-Minas – Poços de Caldas

Mestrado em Psicobiologia pela Faculdade de Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP

Doutorado em Ciências pela Faculdade de Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP

Psicóloga na Faculdade de Medicina na PUC-Minas – Poços de Caldas

Mais informações:

LM Nutrição e Psicologia

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