Baseado em histórias reais: Medicina Veterinária
Cumprimento os colaboradores e sigo de baia em baia.
A passagem de plantão é assim para todos que chegam e todos que saem. Esse é um recorte da rotina dentro do hospital.
Entre internações, exames, ultrassons, vacinas e troca de saberes:
– Doutor, essa é a Tereza, chegou ontem à noite. Cirurgia de coluna.
Na baia, uma buldogue francesa, branca e caramelo, doce. Estava encostada de um jeito que só ela conseguiria. Única. Linda, porém sedada por contorcer em dor.

Na grade da baia, passo o olho onde ficam fixadas as informações necessárias: nome, responsável, gravidade e os dizeres, jejum.
– Doutor, você pode entrar em contato com a família? É a filha deles que está aí.
– Ok, eles já sabem de mim? (o que fazemos é novo e, se tornar referência em uma família em vulnerabilidade, com um membro adoecido, é serviço delicado).
veterinária
Muitas coisas mudaram na Medicina Veterinária, muitas coisas mudaram nas configurações familiares.
Com a entrada da Medicina Intensiva na Veterinária, “nós ganhamos tempo”, ganhamos a capacidade de gerir crises, ganhamos ar, respiração e não podemos esquecer: tempo é vida, esperança.
Com as novas configurações familiares, ganhamos novos membros. Peludos, felpudos, de quatro patas, duas asas, aquáticos, répteis, de sangue gelado, de coração quente, companheiros e muito mais amor.
– Doutor, ela é minha vida! É minha filha, minha companhia, está comigo desde pequena! Não posso nem pensar em perdê-la. As pessoas não entendem (…)
A perda nunca será algo fácil. Não estamos inseridos em espaços que existam discussões e ensinamentos sobre perdas, luto, morte e suas nuances. Sejam escolas, faculdades, roda de amigos. Preferimos evitar. Preferimos não ouvir falar. Preferimos fingir que não nos afetará. E assim, não aprendemos a lidar com o inevitável, seja ele da forma que vier.
Por algumas vezes lecionei nas faculdades sobre as modificações de sinais vitais e frequência cardíaca acelerada de pacientes em coma em visitas. Presenciar repetidas vezes esse fenômeno modifica a forma de ver a vida. É assim a cada visita acompanhada na Unidade de Terapia Intensiva do Núcleo Veterinário.
A cada familiar recebido pela Dra. Juliana Peixoto, todos se aproximam, conversam, chamam, trazem seu cheiro, seus pertences, brinquedos, sua fé, sua esperança, seu afeto, seu tempo.
O tempo.veterinária
O tempo mudou, as coisas mudaram, não são nossos bichos em posse. São meus, seus, todos filhos, irmãos, companheiros, cuidadores e cuidados do dia a dia.
Núcleo Veterinário – MEI (Medicina Especializada e Intensiva)
Rua Pará, nº61, Centro – Poços de Caldas – MG
Telefone: 35 3712-5680 –
@nucleovet24horas
Funcionamento: 24 horas, 365 dias por ano.
Dr. Kessiley Alysson Correa Ferreira
– Psicólogo Institucional do Núcleo Veterinário Medicina Especializada e Intensiva (Poços de Caldas).
– Psicólogo/Psicanalista Clínico pela KSS Clínica, Consultoria e Supervisão;
Atua nas áreas de Psicologia Clínica e Institucional, Psicanálise com ênfase em Perdas e Luto, Dependências e Saúde Mental
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